1.10.10

pontas soltas.

admito. sou uma viciada.

viciada, acima de tudo, em palcos. A sensação de estar fora de quatro paredes, de ver filas e filas de cadeiras que, para todos os efeitos, não são cadeiras, mas pessoas. pessoas cujos horizontes são totalmente diferentes, cujas vidas são totalmente opostas e que, no entanto, têm por único objectivo ficar ali, sentadas, a ver tudo o que faço e a analisar cada espasmo que os meus músculos façam.
viciada, além disso, nos bastidores, nos segundos antes de cada actuação, na espera e na excitação que isso produz em cada um de nós. viciada também em música, luzes, em aplausos, em agradecimentos.
Podemos tentar negar isso, ignorar, deixar para trás. Mas não podemos esquecer-nos, porque é, para todos os efeitos, parte integrante de nós, ou não?

a dança não é o mundo cor-de-rosa a que nos habituaram.
e, por isso, a única coisa que podemos fazer é esperar que a nossa vontade de dançar por aí não seja nunca abalada pelas dificuldade que isso nos traz.
ou será o fim.

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