16.10.10

tinta e papel

achei que precisava de alguma cor aqui no pequeno livro de esboços. Até agora tem sido sempre preto e branco, sépia e ocre. Mas apeteceu-me mudar um bocadito, e feita maluca, cá vai disto, espetei aqui uma das imagens mais coloridas que encontrei. O que quer dizer alguma coisa, se não sabem ficam a saber, é o meu subconsciente a passar-me alguma mensagem. O problema normalmente é descobrir o quê, já todos sabemos que os subconscientes acham que somos sempre mais inteligentes e perpicazes do que na realidade somos - por isso entendê-los torna-se, se não impossível, pelo menos muito complicado.
por isso resolvi mostrar um bonito forte de lápis de pastel, lápis de cera se quiserem ser menos específicos. É relativamente divertido empilhar lápis coloridos numa sequência gráfica tentadora à vista, digo-o por experiência própria. E, à força de muitas horas passadas a empilhar lápis, devo dizer que este indivíduo (será inapropriado chamar-lhe senhor ou senhora, o neutro é mais eficaz) não fez um trabalho particularmente interessante, embora não me caiba a mim julgar isso, gostos são gostos e gostos não se discutem e ponto final

o que realmente importa é que as minhas horas a empilhar lápis ocorriam quando estava sentada à secretária, rodeada de pequenas barrinhas coloridas, um dedo de cada cor e a palma da mão uma mistura de aspecto nojento e duvidoso. E o que me preocupa não é o facto de isso prejudicar bastante a minha imagem aprumadinha, mas o facto de não ser capaz de fazer isso presentemente. O facto de ter mais de 80 cores deficientemente exploradas na gaveta do móvel e não conseguir dar-lhes um uso. Só isso, um uso.

Talvez deva voltar a empilhá-los.
Talvez deva simplesmente sujar as mãos.

Mas, em qualquer um dos casos, é preocupante que esta epidemia de Colorofobia tenha vindo para ficar. Quando perdemos uma das nossas cores, corremos o risco de deixar o fortezinho engraçado desmoronar-se. E os lápis de pastel são frágeis.

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